Ignez Barreto
Em movimento inédito, ordeiro, pacífico e apartidário, a população de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, vem lutando com muita garra e fé pela preservação da Praça Nossa Senhora da Paz, ameaçada pela sanha destruidora do governo estadual.
A polêmica gira em torno do modelo de construção da estação do metrô no subsolo da praça e do insensato projeto de localização de seus acessos.
O governo pretende um tipo de obra que rasga uma grande vala na praça, sacrifica dezenas de árvores centenárias, com os acessos à plataforma dos trens localizados praticamente no centro da praça.
A população do bairro pede apenas que a obra seja feita pelo método subterrâneo, para que não seja necessário mexer numa única folha e para que o espaço continue livre para crianças, idosos, portadores de necessidades especiais, ponto de encontro para o papo do fim de semana, como é há quase cem anos.
O método proposto por nós é o de tecnologia de ponta usada em todo o mundo,
inclusive no Rio de Janeiro. Os acessos à plataforma ficariam nas calçadas da
rua Visconde de Pirajá, principal artéria comercial do bairro, como aliás é
comum em quase todas as cidades servidas por trens subterrâneos, meio de
transporte que reputamos muito importante.
O governo estadual se nega ao diálogo. Recusa apelos e convites talvez porque saiba que o que nós pleiteamos é o que bom senso indica. Fomos obrigados a entrar na Justiça, obtivemos uma liminar com todos os nossos pedidos deferidos.
A juíza nomeou um perito para que se esclareça se o que a população propõe é viável. E é. O governo cassou a liminar só no que se refere à retomada das obras.
Está declarado o conflito. A população irá até o último recurso. Arregaçou as mangas para levantar fundos e poder fazer frente ao pagamento do perito. Formamos grupos de voluntários, cada um dá um pouquinho de seu tempo e estamos pedindo aos moradores e frequentadores de nosso bairro que contribuam com o que puderem.
Em quinze dias já arrecadamos mais de R$8.000,00. Para essa finalidade abrimos uma conta poupança no HSBC, Agência 0310, c/p 018177-0.
Muitos se perguntarão: tanto barulho por uma praça em um bairro já favorecido pelo mar e pela lagoa?
Vamos pensar juntos: a preservação social, ambiental, histórica, cultural e arquitetônica da Praça da Paz, coração de Ipanema, já seria um motivo mais do que justo. Mas o problema não se encerra aí.
Estamos lutando por nossos direitos contra um adversário que não deveria assim se comportar, mas sim como aliado da população que paga os impostos com os quais ele se dá ao luxo de contratar advogados caríssimos, imprimir e distribuir folhetos luxuosos, gravar vídeos, utilizar agências de publicidade e assessorias de imprensa, enquanto nós para fazer ouvir nossa voz precisamos coletar real por real.
A alma da democracia está no diálogo sério e transparente entre o poder público e a sociedade que o elegeu.
Escolhemos essa forma de convívio no pacto que deveria nos unir ao governo.
Mas esse governo escolheu a desunião. Ao nos defrontar com seu modo de agir, de feitio antidemocrático, só visto nas ditaduras, reagimos e nos expressamos sinalizando que o caminho correto seria uma política pública em consenso com a população.
No entanto, ao contrário, o governo estadual faz questão de mostrar seu desprezo pela opinião pública, corrompendo o pacto democrático tão duramente conquistado por todos nós. Ele se esquece que está aqui para nos servir e que a praça é nossa.
Ignez Barreto é coordenadora do Projeto de Segurança de Ipanema
Em movimento inédito, ordeiro, pacífico e apartidário, a população de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, vem lutando com muita garra e fé pela preservação da Praça Nossa Senhora da Paz, ameaçada pela sanha destruidora do governo estadual.
A polêmica gira em torno do modelo de construção da estação do metrô no subsolo da praça e do insensato projeto de localização de seus acessos.
O governo pretende um tipo de obra que rasga uma grande vala na praça, sacrifica dezenas de árvores centenárias, com os acessos à plataforma dos trens localizados praticamente no centro da praça.
A população do bairro pede apenas que a obra seja feita pelo método subterrâneo, para que não seja necessário mexer numa única folha e para que o espaço continue livre para crianças, idosos, portadores de necessidades especiais, ponto de encontro para o papo do fim de semana, como é há quase cem anos.
Acima e abaixo, a Praça da Paz e alguns de seus
donos
O governo estadual se nega ao diálogo. Recusa apelos e convites talvez porque saiba que o que nós pleiteamos é o que bom senso indica. Fomos obrigados a entrar na Justiça, obtivemos uma liminar com todos os nossos pedidos deferidos.
A juíza nomeou um perito para que se esclareça se o que a população propõe é viável. E é. O governo cassou a liminar só no que se refere à retomada das obras.
Está declarado o conflito. A população irá até o último recurso. Arregaçou as mangas para levantar fundos e poder fazer frente ao pagamento do perito. Formamos grupos de voluntários, cada um dá um pouquinho de seu tempo e estamos pedindo aos moradores e frequentadores de nosso bairro que contribuam com o que puderem.
Em quinze dias já arrecadamos mais de R$8.000,00. Para essa finalidade abrimos uma conta poupança no HSBC, Agência 0310, c/p 018177-0.
Muitos se perguntarão: tanto barulho por uma praça em um bairro já favorecido pelo mar e pela lagoa?
Vamos pensar juntos: a preservação social, ambiental, histórica, cultural e arquitetônica da Praça da Paz, coração de Ipanema, já seria um motivo mais do que justo. Mas o problema não se encerra aí.
Estamos lutando por nossos direitos contra um adversário que não deveria assim se comportar, mas sim como aliado da população que paga os impostos com os quais ele se dá ao luxo de contratar advogados caríssimos, imprimir e distribuir folhetos luxuosos, gravar vídeos, utilizar agências de publicidade e assessorias de imprensa, enquanto nós para fazer ouvir nossa voz precisamos coletar real por real.
A alma da democracia está no diálogo sério e transparente entre o poder público e a sociedade que o elegeu.
Escolhemos essa forma de convívio no pacto que deveria nos unir ao governo.
Mas esse governo escolheu a desunião. Ao nos defrontar com seu modo de agir, de feitio antidemocrático, só visto nas ditaduras, reagimos e nos expressamos sinalizando que o caminho correto seria uma política pública em consenso com a população.
No entanto, ao contrário, o governo estadual faz questão de mostrar seu desprezo pela opinião pública, corrompendo o pacto democrático tão duramente conquistado por todos nós. Ele se esquece que está aqui para nos servir e que a praça é nossa.
Ignez Barreto é coordenadora do Projeto de Segurança de Ipanema
Exemplos de estações que não arruinaram suas
cidades:
Londres, pleno Piccadilly Circus
Nova York, entrada de estação grudada numa praça
São Paulo, acesso à estação numa calçada da Paulista