JORGE ANTONIO BARROS


Enviado por Jorge Antonio Barros - 
07.07.2012
 | 
00h39m
A PRAÇA É NOSSA

Ipanema lança o 11º mandamento: não desmatarás


Ipanema este sábado às 16h faz novo protesto contra o desmatamento que acontecerá na Praça Nossa Senhora da Paz, com a chegada da estação do metrô. Ziraldo já enviou sua contribuição na forma do cartaz que será fixado em cada árvore que será derrubada.

Em um telão, o Projeto de Segurança de Ipanema vai apresentar outra alternativa ao projeto do estado, na Nossa Senhora da Paz, um oásis verde no coração do bairro. De acordo com a sugestão dos moradores, é possível se fazer a estação de metrô e ao mesmo tempo preservar integralmente a praça em seu uso e cobertura verde.

ARPOADOR


Largo do Millôr é inaugurado em Ipanema

O recanto entre a Praia do Diabo e a Praia do Arpoador agora levará o nome do escritor; cerimônia de inauguração contou com a presença de vários artistas e amigos

Rafaella Barros



Publicado:

6/07/12 - 18h58

Atualizado:

6/07/12 - 18h58



bairro do Arpoador ????????


Família e amigos do escritor Millôr Fernandes na cerimônia de inauguração vistos durante solenidade de inauguracao do largo com seu nome, que fica no calcadao do Arpoador entre o final da praia e a praia do Diabo, no bairro do Arpoador, Zona Sul

Rafael Andrade / O Globo

RIO - Com o pôr-do-sol como cenário, foi inaugurado no fim da tarde desta sexta-feira o Largo do Millôr, recanto entre a Praia do Diabo e a Praia do Arpoador, que, agora, levará o nome do escritor. A cerimônia de inauguração contou com a presença de vários artistas e amigos, entre eles a atriz Fernanda Montenegro - que foi a mestre de cerimônias -, Jaguar, a atriz Rosamaria Murtinho, além de familiares do escritor, como o filho, Ivan Fernandes.

No início da cerimônia após a apresentação do grupo No Olho da Rua, a atriz Fernanda Montenegro fez um discurso.

— O Millôr é um homem que está na vida pública da cidade há 80 anos. Presente no Jornalismo, na Cultura e no Humor. O Rio deve muito a ele, e Ipanema era a sua praia. Millôr sempre pensou em um banco com o seu nome, no qual as pessoas pudessem sentar e assistir ao pôr-so-sol atrás do Dois Irmãos - disse.

Representando o prefeito Eduardo Paes, estiveram presentes no evento o Secretário municipal de Turismo, Pedro Augusto Guimarães, e o Secretário municipal de Cultura, Emílio Kalil.

O projeto do largo foi idealizado pelo arquiteto Jaime Lerner, que junto com os amigos do escritor apresentou a proposta ao prefeito Eduardo Paes há alguns dias. O local contará com um banco, que, segundo o secretário Pedro Guimarães, será instalado entre 30 e 45 dias.

— O mais importante hoje era institucionalizar o local, com a inauguração da placa, fazendo esta homenagem ao Millôr - disse Guimarães.

Após o discurso de Fernanda Montenegro, a cantora Olívia Bynghton e o compositor Geraldinho Carneiro executaram a música "Eu não vivo sem você".

O filho Ivan Fernandes contou que o lugar era muito especial para o pai:

— Ele vinha aqui diariamente, mais do que ao próprio estúdio. Meu pai corria do marco zero até o quilômetro quatro da Praia de Ipanema, exatamente onde vai ficar o banco - disse. - O que viabilizou a ideia é que esse lugar não tinha nome.





BAIRROS.COM


Enviado por Bairros.com - 
5.7.2012
 | 
22h05m

Atividades gratuitas para crianças neste fim de semana em Ipanema

O Centro de Desenvolvimento Infantil Gymboree, em Ipanema, vai realizar um Open Day gratuito de aulas de judô, ballet, capoeira e circo. O evento será neste domingo a partir das 14h. As aulas serão destinadas às crianças com dois anos ou mais. O Gymboree fica na Rua Almirante Saddock de Sá 207. Mais informações pelo telefone 2267-0904.


BUEIRO EM IPANEMA

..Fumaça em bueiro assusta moradores de Ipanema


Por Carolina de Oliveira (carolina.ocastro@oglobo.com.
Agência O Globo – 3 horas atrás....

RIO- Um bueiro na esquina das ruas Farme de Amoedo e Nascimento Silva, em Ipanema, soltou muita fumaça na manhã desta quinta-feira. As pessoas ficaram assustadas e chamaram os bombeiros. Segundo a corporação, folhas secas acumuladas no bueiro teriam queimado, mas a causa do incêndio ainda é desconhecida, mas os bombeiros trabalham com o hipótese de que uma guimba de cigarro tenha provocado a combustão.

Desde junho as empresas responsáveis por bueiros que explodirem na cidade, causando vítimas ou danos, vão ter que pagar multa de R$ 500 mil. A quantia vale para todos os casos: se a explosão provocou ferimentos ou mortes e se causou danos ao patrimônio público ou privado. A lei, de autoria do vereador Carlos Alberto Saes Bercardino (PTC), foi sancionada pelo prefeito Eduardo Paes.

Após uma série de acidentes envolvendo explosões de bueiros, um termo de ajustamento de conduta (TAC) foi firmado, em julho do ano passado, entre o Ministério Público estadual e as concessionárias, obrigadas, desde então, a pagar R$ 100 mil a cada explosão que cause morte, lesão corporal ou dano ao patrimônio. Desde então, ocorreram três explosões na cidade, mas apenas uma - relativa a um bueiro na Rua Conde Lages, na Glória, que foi pelos ares e danificou um carro - gerou multa. Ela foi paga há quatro meses pela Light.

Somente no ano passado, foram registrados diferentes tipos de problema em pelo menos 15 bueiros da cidade, como explosões, deslocamentos de tampa, e saída de fumaça. De agosto de 2001 a fevereiro passado, a prefeitura vistoriou 40.320 bueiros e encontrou 314 com alto risco de explosão.



....

CONFUSÃO !

Manhã de trânsito intenso na Zona Sul


Rio - Uma ocorrência complica bastante o trânsito na Zona Sul do Rio na manhã desta quarta-feira. Em Ipanema, um vazamento de água na Rua Prodente de Morais, próximo à Rua Teixeira de Melo, na Praça General Osório ocupa uma faixa da rua, causando forte retenção na via. Equipes da CET-Rio e da Cedae estão no local.

INAUGURAÇÃO !

04/07/2012 - 15:07


Hortifruti abre primeira loja em Ipanema


Dando continuidade ao plano de expansão, a rede Hortifruti e inaugura nesta quarta-feira uma loja em Ipanema, na Rua Teixeira de Melo, 54. O empreendimento de 900 m² foi orçado em R$ 5,5 milhões, tem 10 check outs, e além das tradicionais seções de frutas, legumes, verduras, mercearia, seção carnes contará com as seções de delicatessen, pães, lanchonete, utilidades e também o Espaço Gourmet, para preparo e apresentação de receitas. O ponto de venda, que vai gerar 175 vagas de empregos diretos, será o primeiro da rede a usar etiqueta eletrônica em 2.500 produtos do setor de mercearia.

A rede, que se diz líder varejista no segmento de hortifrutigranjeiros do Brasil, prevê a abertura de duas lojas em São Paulo. O plano de expansão para 2012 está orçado em mais de R$ 25 milhões. Com as novas lojas a rede vai gerar mais 580 vagas de trabalho. Atualmente a empresa possui 23 pontos de venda distribuídos nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Ao todo são gerados cerca de quatro mil empregos diretos.

De acordo com o diretor de Comunicação e Novos Negócios, Fabio Hertel essa loja será de extrema importância para a empresa.

- Estamos comemorando esse ponto de venda, pois marca a força da rede Hortifruti no mercado do Rio de Janeiro, além de atender a pedidos dos moradores do bairro. Há tempos vínhamos recebendo diversos pedidos para abrirmos uma unidade em Ipanema. Temos certeza de que será um sucesso - afirmou Hertel, que ressalta ainda que a nova unidade atenderá com o que há de mais moderno dentro do setor de hortifrutigranjeiros.

Em nota, a Hortifruti anuncia que "registra um fluxo mensal de 1,6 milhão de clientes que consomem cerca de 15 mil toneladas de frutas, legumes e verduras (FLVs) no período. Ao todo são quatro centros de distribuição (2 no RJ, 1 no ES e 1 em SP) e uma frota de 211 veículos que transportam produtos do campo até as lojas com menos de 24h."


Ainda segundo a empresa, "o maior percentual de venda é da categoria de FLVs, cerca de 40%, seguido de mercearia e delicatessen; processados e carnes. A empresa possui um cartão de crédito próprio com mais de 47 mil clientes ativos" e também que "destinou R$ 6 milhões para a verba de marketing e as campanhas continuarão focadas na saúde e nos benefícios dos FLVs. De acordo com o diretor de Comunicação e Novos Negócios, Fabio Hertel, essas ações têm o objetivo de comunicar de maneira divertida os benefícios dos produtos que são comercializados pela rede".





NÃO DESMATARÁS


 
 
                                  XIo. MANDAMENTO - NÃO DESMATARÁS
,
 
- Vejam que genial! O Ziraldo  mandou este cartaz para ser usado na campanha pela preservação da nossa praça!
 
 - No sábdo dia 07/07  às 16hs.vamos fazer um evento na praça N. Sra. da Paz - XIo. MANDAMENTO - NÂO DESMATARÀS .
 
- Vamos colocar um acartaz em cada árvore a ser destruída.
 
- Também vamos mostrar em um telão para todos os moradores e pessoas que ainda não conhecem a proposta do Projeto de Segurança de Ipanema para a estação N. Sra. da Paz. De acordo com a nossa sugestão  é possível se fazer a estação de metrô e ao mesmo tempo preservar integralmente a praça em seu uso e cobertura verde.
 
- Vamos salvar a nossa praça, o quintal de nossas crianças, espaço dos idosos, deficientes, berço de rica fauna, de uma biodiversidade que só existe por conta da generosidade da natureza.
A sustentabilidade de Ipanema está nesta cobertura verde que é o nosso pulmão, aliada no combate à poluição do ar e na manutenção da temperatura.
Não podemos esmorecer, divulguem o evento, compareçam , coloquem no face e nos blogs.A pressão da sociedade é a nossa única esperança!
 

CADÊ A GM????

NASCIMENTO SILVA ENTRE VINÍCIUS DE MORAES E JOANA ANGÉLICA

ANA LUIZA ARCHER


Enviado por Ana Luiza Archer - 
2.7.2012
 | 
13h44m
BLOGUEIRA POR UM DIA

A engenheira que virou ativista: pelo julgamento do mensalão

Ana Luiza Archer escreve artigo contando como uma engenheira virou ativista. A causa é nobre: o movimento ao qual ela pertence se mobilizou para pedir ao STF que julgue o mensalão, aquele escândalo que tirou a virgindade do PT na política.
Ana Luiza é tão gente fina que atendeu a um pedido do blog para discutir o artigo na caixa de comentários. Pode usar apelido, mas só não pode ser descortês com a moça. 
Aí vai:
"Vamos ao Mensalão 
por Ana Luiza Archer*

Meses atrás, se alguém “profetizasse” que eu iria sair da minha vidinha em Ipanema no Rio de Janeiro para ir ao STF em Brasília, a fim de entregar, com outros representantes de movimentos anticorrupção, um abaixo assinado com 37 mil assinaturas pelo “julgamento do mensalão já!”, e que ainda levaria uma cotovelada do segurança do ministro Gilmar Mendes, tudo isso cercada por dezenas de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas de vários veículos de imprensa, eu daria uma boa risada. 

Pois é: aconteceu. A vida é cheia de surpresas. 

Há tempos tenho estado envolvida em um singelo movimento de bairro, em Ipanema, debatendo com a comunidade e autoridades questões como a localização de uma estação do metrô e opções para um carnaval de rua harmonioso entre foliões e moradores. São causas “paroquiais”, mas relevantes, pois afetam não só o bairro, mas toda a cidade - e todos os pontos de vista devem ser considerados, assim como seus respectivos ônus e bônus. 

Mas dialogar não tem sido a prática usual das autoridades aqui no Rio. Por vezes, temos nos deparado com decisões tão autoritárias e incompreensíveis, que fica a impressão de alguma coisa não revelada. Foi quando surgiu o movimento anticorrupção na cidade, ao qual, num piscar de olhos, decidimos aderir - afinal, sentimos “malfeitos” na pele. 

Essa experiência tem sido para mim especialmente enriquecedora, seja pela novidade, pelas conversas políticas, pelas pessoas éticas e encantadoras que tenho encontrado. 
Hoje, graças em grande medida à liberdade de imprensa - que felizmente desfrutamos no Brasil -, qualquer que seja o nível social e intelectual, todos, sem exceção, acompanham o noticiário e têm casos de corrupção a comentar. Motoristas de táxi são especialistas no assunto. Barbeiros e cabeleireiros? Dominam a conversa e apontam exemplos. 

A liberdade de expressão é valiosa. A manifestação da opinião pública é legitima e desejável em qualquer democracia saudável e faz toda diferença - basta lembrar da aprovação recente da nossa Lei da Ficha Limpa. 

O STF é o tribunal mais importante do país e, obviamente, ninguém discorda de que o julgamento do mensalão deva ser técnico e que a constituição tem que ser respeitada. 

Por outro lado, mais informada, a sociedade brasileira entende o desenrolar dos acontecimentos, entende as jogada políticas e jurídicas desse processo e não aceita mais a impunidade. 

Ninguém discute a idoneidade do Supremo. Lidar com interesses diversos, e especialmente tão poderosos como neste julgamento, é de imensa responsabilidade. Na história, na literatura e na bíblia, o ato de julgar é tão importante que é atribuição de reis, como vemos, por exemplo, em Ricardo II de Shakespeare e no rei Salomão. 

Neste sentido, o abaixo-assinado que entregamos, com as 37 mil assinaturas, expressa, sobretudo, nossa confiança no STF e apóia os que estão empenhados no julgamento - breve e justo - do mensalão, processo já maduro, como afirmou o Ministro Ayres Britto. Com 38 réus de peso, trata-se de um julgamento emblemático - além de uma oportunidade imperdível para provar à sociedade que réus poderosos também se submetem à justiça, como qualquer um de nós. A essas alturas, postergações e pedidos de vista são inaceitáveis. A impunidade é inaceitável. Se não há punição, há estimulo. Confiamos no STF. 

E temos tido sucesso. Finalmente, o Ministro Lewandowski entregou o seu relatório, pendência deste processo, e o inicio do julgamento foi então confirmado para o dia 2 de agosto. Felizmente nossas instituições estão funcionando bem. 

Outro dia, no cabeleireiro, estava comentando o noticiário político, quando minha vizinha de cadeira, uma senhora psicanalista, me indagou se eu era jornalista, pois para ela eu parecia entender tudo. Surpresa, respondi que não, que eu conhecia o assunto porque fazia parte de um movimento anticorrupção. Ao que ela concluiu sorrindo “Ah, entendi. Então você é ativista”. Pois é: não é que ela definiu bem? Virei ativista. 

*Ana Luiza Archer é engenheira e integrante do Movimento 31 de Julho - contra corrupção e impunidade."

PRAIA DE IPANEMA


Pelé: a fábula da formiga em Ipanema

Barraqueiro com ensino superior aprendeu a viver da praia no inverno





Robenildo Quintino Alves, o Pelé, barraqueiro em Ipanema, professor de vôlei, ator ocasional e poeta
Foto: Carlos Ivan / O Globo

Robenildo Quintino Alves, o Pelé, barraqueiro em Ipanema, professor de vôlei, ator ocasional e poetaCARLOS IVAN / O GLOBO
RIO - Está escuro quando Robenildo Quintino Alves chega ao calçadão de Ipanema, às 5h50m de uma sexta-feira. Ele anda dois quarteirões até a Cruzada São Sebastião, no Jardim de Alah, e entra num beco do conjunto habitacional. O ambiente é deserto e meio sinistro. O térreo dos edifícios funciona como depósito para dezenas de carrinhos amontoados, com material de barraqueiros da praia. O equipamento de Robenildo fica numa bicicleta daquelas de entregar mercadoria. Ele a retira de lá e pedala de volta à praia, enquanto começa a raiar um dia de sol fraco, típico do inverno. A maioria dos barraqueiros de Ipanema não dá as caras nessas condições. Não vale a pena. Mas Robenildo, o Pelé, é como a formiga trabalhadora da fábula, adaptada para as areias. Em 35 anos de batente, ele diversificou seus negócios e virou um empreendedor no mercado informal da orla. Formou-se em Educação Física, montou escolinha de vôlei, criou base de treinos para atletas estrangeiros e aprendeu a viver da praia mesmo quando a temperatura está longe dos 40 graus. O pernambucano radicado no Rio, de 45 anos, inventou ainda um programa de fidelização para sua barraca e recebeu, diz ele, dez mil cadastros. Hoje, ali na altura da Rua Garcia D’Ávila, o rei é o Pelé
Pode perguntar pela vizinhança espremida entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e o mar. Se você quiser saber do Pelé, ninguém vai falar sobre o maior jogador de futebol da História. Do atendente da lanchonete à patricinha, todos vão dar as coordenadas das redes de vôlei desse xará do ex-craque santista, que, muito bem relacionado, já até apertou a mão de Bill Clinton, ex-presidente dos EUA. Ele está sempre lá. Os surfistas, dentro d’água, usam as redes de vôlei do Pelé como referência para se manter no mesmo lugar, em dias de correnteza forte. E, se a Garcia virou point na praia, foi, em parte, por causa da reunião de clientes em torno do sujeito, que tem carisma de gente simples e cabeça de homem de negócios.
Pelé já tinha visão empresarial muito antes de a série “Preamar”, em exibição no canal HBO, chegar com o personagem do banqueiro que, depois de falir, resolve fazer dinheiro tratando o mercado das areias como setor milionário. Ao longo dos anos, a estratégia de fidelizar a freguesia rendeu ao barraqueiro da Garcia uma pequena fortuna. Cada um dos dez mil clientes pagou R$ 10 para se cadastrar. Ele não está nada rico, mas se estabeleceu, investindo em seu ganha-pão.
— As pessoas têm preconceito com o mercado informal, não imaginam que um barraqueiro possa ter diploma. Mas o comércio na praia é um negócio. Precisa de seriedade — diz o comerciante, depois de entregar um cartão de visitas de plástico, com a foto dele e a frase “Tem coisas que só o Pelé faz por você”. — Nunca gostei de barraqueiro disputando cliente na descida da praia. Não gosto de gritar. Por isso criei a carteirinha, em 2008. Desse jeito, fico tranquilo e as pessoas recebem um tratamento de mais qualidade.
Pai e irmãos mortos aos 43
Hoje, Pelé é homem feito. Tem 45 anos, mas o corpo sarado e o sorriso fácil tiram dele pelo menos uma década. O nordestino chegou ao Rio com 7 anos. O pai era compositor gráfico em Recife e seu mudou com a família para São João do Meriti, na Baixada Fluminense. Na primeira vez em que Pelé pisou na Praia de Ipanema, estava com um isopor a tiracolo. Ele e o irmão, dois anos mais velho, ajudavam o pai no trabalho de ambulante. Iam e voltavam do Arpoador ao Leblon várias vezes num dia, até fixar ponto na Garcia. O barraqueiro tinha 14 anos quando o chefe da família, morreu, de enfisema pulmonar e cirrose. Bebia e fumava muito. Começou aí uma espécie de maldição na família Alves. Décadas mais tarde, o irmão faleceu, também aos 43. E, este ano, foi-se a irmã, com a mesma idade, no mesmo dia 27 de fevereiro que levou o pai, em 1983.
— Quando conto essa história, todo mundo pergunta minha idade. Mas passei da linha do perigo. Sou atleta, tenho vida regrada. Acordo cedo e faço esporte. Meu pai e meus irmãos bebiam muito. Tinham a saúde prejudicada — conta Pelé, que já foi casado, tem uma filha de 19 anos estudando para passar no Enem e uma irmã por parte de pai (a mãe morreu aos 59, após um AVC).
Depois de perder o pai, Pelé e o irmão, ambos adolescentes, assumiram os negócios, que consistiam numa barraquinha velha com um isopor. Nos anos 80, diz ele, ninguém tinha permissão para vender bebida na praia. O rapa chegava e era um “Deus nos acuda”. O garoto enterrava a mercadoria na areia, os clientes colocavam uma toalha verde por cima e ficavam lá jogando baralho, para disfarçar. Mesmo assim, eles perderam muita mercadoria, e tiveram que correr atrás.
— Ele era um projeto de gente quando o conheci. Mas sempre muito dedicado e educado. Conseguiu se criar na vida sofrida de barraqueiro — conta Severino Faustino, de 64 anos, 40 deles vendendo bebida na praia, ali perto da Garcia.
Pelé já tem licença para trabalhar há anos. Ainda vende bebida, mas, para não depender de São Pedro, expandiu o raio de ação. É professor de vôlei (sua escolinha tem cerca de 50 alunos), personal trainer, e monta redes para escolinhas de beach tênis e para a turma que pratica esportes no fim de semana. Ao todo, cuida de oito redes. A maioria dos barraqueiros só trabalha nos fins de semana de sol, ou no verão, quando um vendedor chega a faturar R$ 7 mil num mês. Mas quase todos têm outros empregos. São marceneiros, porteiros etc. Gente que encara a orla como uma forma de aumentar a renda. Pelé é um dos poucos que faz disso um ofício, com horários e regras.
— Venho mesmo quando estou doente. Não tem essa. É o meu negócio — diz ele, que chegou a morar num apartamento alugado em Ipanema, mas, com a explosão imobiliária do Rio, mudou-se para a Avenida Niemeyer, perto do Vidigal.
Esta vida nunca foi o sonho dele. Pelé queria era ser jogador de futebol. Era bom de bola e, por isso, ganhou o apelido de um cliente. O contato com o vôlei aconteceu nos anos 90, quando a dupla de praia Adriana e Mônica, prata nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, começou a treinar no território do Pelé, e ele ficou de boleiro. Nessa época, o pernambucano carioca já estudava Educação Física, à noite, na Universidade Salgado Oliveira, em São Gonçalo. Ele tinha bolsa de atleta, e chegou a ser campeão brasileiro universitário de atletismo, na prova dos 800 metros, em Fortaleza.
— O Pelé ficava grudado, de olhão arregalado, aprendendo. Ele junta humildade com vontade de crescer — descreve Marcos Freitas, na época treinador de Adriana e Mônica e, mais tarde, de Tande e Giovane.
— Ele estava sempre querendo aprender. Chegou a ser auxiliar nos treinos. E continuou evoluindo. O nome dele virou referência na Europa. Várias duplas da Suíça, da Holanda e de outros países vêm treinar na rede do Pelé durante o inverno europeu — conta o ex-craque Tande, hoje apresentador da TV Globo.
Não é raro ver atletas de cabelos louros e pele torrada de sol treinando na Garcia. No cartaz que já virou parte da paisagem do lugar, o barraqueiro aparece, com um sorriso maior que o rosto, entre duas louras holandesas muito mais altas do que ele (uma delas foi sua namorada enquanto esteve no Brasil).
Quando está tudo funcionando — os treinos com gringos, as aulas e a barraca de bebidas —, Pelé chega a ter cinco funcionários. Mas, no dia a dia de baixa temporada, sua única auxiliar é Aline Alencar, uma morena funkeira de olhos clarinhos, que mora na Rocinha. Tem 24 anos, um filho de 8, um dragão enorme tatuado nas costas e o nome do ex-namorado no antebraço direito. Há duas semanas, pôs um piercing na língua e virou alvo das brincadeiras de Pelé. Ela trabalha com o barraqueiro há quatro meses. Chega à praia às 6h20m, todos os dias.
— É difícil conseguir mão de obra. As pessoas não têm compromisso. Só querem tirar o salário. Não pensam em multiplicar. A Aline pega no pesado. Mas já tive que demitir funcionário um dia — conta o professor, que se inspira para ser gerente nos livros do bilionário Donald Trump e do psiquiatra Flávio Gikovate. — É complicado equilibrar a realidade de ser conhecido, chefe, e, ao mesmo tempo, ter um trabalho e uma origem humildes. Não tenho pedigree. Estou trabalhando a mente para seguir progredindo, sem medo de botar a cara, de me promover.
Enquanto conversa, Pelé não fica dois minutos sem acenar para alguém no calçadão. É figura conhecida. Já deu até autógrafo, na época em que estrelou o comercial de uma marca de refrigeradores, em 2002 (ainda sabe suas falas de cor). Saiu no jornal várias vezes devido à proeminência na praia e, também, quando, em 2001, subiu ao calçadão para entregar uma bola de vôlei a Bill Clinton, e cumprimentá-lo. Foi rápido, e ele não pôde gastar o inglês que aprendeu nas areias. É meio macarrônico, mas muito melhor que o de Joel Santana.
— O Pelé é um ótimo rapaz, inteligente. Só não gostei quando ele se meteu com política — ressalta Laura Freitas, cliente antiga na Garcia D’Ávila.
Em 2004, o comerciante se candidatou a vereador. Fez campanha só na praia mesmo, porque não podia deixar o navio afundar. Não foi eleito.
— Acho que ele ficou deslumbrado com a fama local. As pessoas adoram o Pelé, por ele ser gente boa e trabalhador. É um cara que mudou o destino dele. Nasceu muito pobre, mas evoluiu trabalhando — comenta o jornalista Lúcio de Castro, que cresceu indo à praia por ali.
Mais de 50 poesias escritas
Pelé também é poeta. Já escreveu mais de 50 poeminhas. “Amor quando escolhido”, por exemplo, termina assim: “Entre mortos e feridos/ Hoje eu amo/ Não escolhi/ Fui escolhido”. E “A moeda” começa com “Sou como uma moeda lançada à sorte/ Cara ou coroa nas mãos de quem aposte/ Ao vencedor o prêmio da vida/ Ao perdedor a chance da morte”. Mas, se quiser publicar os versos, o barraqueiro, só precisa tomar cuidado com a maneira como usa seu nome “artístico”.
— Um cliente meu, que conhece um advogado do Pelé (o jogador), disse que ele aconselhou a não usar o nome fora da praia, para não ter processo


WILLIAM HELAL FILHO